Vamos à luta!
No dia 21 de setembro foi comemorado o Dia Nacional de Luta das Pessoas com Deficiência. Acredito que até aqui, foi positivo o balanço dessa nossa caminhada.
Certamente muitas batalhas ainda serão travadas, pois ainda há grandes dificuldades de acessiblidade na educação, no trabalho, no transporte, na saúde e outros. Como já disse o escritor Bertold Brecht: ” Há homens que lutam por um dia e são bons… Há outros que lutam por um ano e são melhores. Há outros, ainda, que lutam por muitos anos e são muito bons. Há porém, os que lutam por toda vida, estes são os imprescindíveis.”
Penso que nós, pessoas com deficiência, nos enquadramos no último exemplo, pois a nossa luta não é luta de um dia, de uma semana, de um ano, mas uma luta constante – por toda vida. Essa luta é necessária para que possamos vencer o nosso maior inimigo: o preconceito. Não combateremos o preconceito numa data específica ou em uma só luta, pelo contrário, só combateremos o preconceito quando ensinarmos as novas gerações que atitudes discriminatórias, seja pela raça, cor, etnia, deficiência, são atos abomináveis. As crianças precisam aprender o significado da palavra respeito desde pequena. “Precisamos cortar o mal pela raiz”, não é assim que diziam nossos avós.
Lars Grael, atleta e medalhista olímpico, concedeu uma palestra na Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) e disse que as pessoas com deficiência precisam exceder seus limites, precisam acreditar em seus sonhos e precisam encontrar inspiração em outras pessoas com deficiência que são exemplos de superação. Segundo Lars Grael, ele só conseguiu superar suas limitações porque teve várias pessoas como referência. A palestra foi magnífica, contudo percebi que havia pouquíssimas pessoas com deficiência na sala. O maior número de participantes era de pessoas não-deficientes. Embora a palestra fosse para todas as pessoas, o foco principal eram as pessoas com deficiência. Pensei comigo, em Campinas existem por volta de 150 mil pessoas com deficiência. Onde estão estas pessoas?
Amigos, se entramos numa batalha como esta, nossa participação em cursos, eventos ou palestras é de extrema importância, já que se trata de assuntos do nosso interesse. Como podemos reivindicar algo, se não temos conhecimentos ou informações sobre o assunto. Como podemos desejar que a sociedade reveja a questão do preconceito, se não estamos fazendo a nossa parte. É muito fácil ficarmos fechados no nosso mundinho particular e esperarmos que o outro traga as informações até nós.
Amigos, precisamos ir à luta! Essa luta não é minha, não é sua, é nossa!
Precisamos ocupar todos os espaços que estão sendo disponibilizados, espaços estes que também vieram de grandes lutas. Precisamos nos expor, mostrar a nossa realidade para que toda a sociedade veja as nossas reais condições. Se estamos almejando uma sociedade inclusiva, está só poderá ser possível quando cada pessoa com deficiência se conscientizar desse trabalho, participando de movimentos e mobilizações que estiverem acontecendo em suas cidades e Estados. É um trabalho árduo, mas certamente vale a pena, haja vista as conquistas que alcançamos.
Matéria escrita por Vera (Deficiente Ciente)