Doenças e saúdeSíndromes

Síndrome pós-pólio atinge 70%

Compartilhe:
Pin Share

Pessoas que tiveram a doença na infância sentem os sintomas novamente. Doença foi erradicada no Brasil

Dificuldade de andar, de permanecer em pé, fraqueza muscular, dores, fadiga e insuficiência respiratória eram queixas comuns a crianças de até 5 anos que tiveram poliomielite, uma doença infecto-contagiosa viral aguda. No Brasil, a doença foi erradicada e os últimos casos foram registrados em 1989.

Porém, algumas pessoas, entre 50 e 60 anos, estão sentindo esses sintomas novamente sem entender o que está ocorrendo. A maioria não sabe que pode estar sofrendo com a síndrome pós-poliomielite, que promove a volta dos problemas que o paciente sentiu com a paralisia infantil no passado. “Isso interfere na vida social e mobilidade da pessoa”, diz Bernadete Paula Eduardo, médico do Centro de Vigilância Epidemiológica da Secretaria Estadual da Saúde.

Foi o que ocorreu com Izabel Maria Cirella, de 51 anos. Há seis anos, ela procurou diversos médicos para saber porque vinha se sentindo cansada constantemente e sempre tinha que fazer algumas pausas para realizar atividades cotidianas. “Ninguém sabia dizer absolutamente nada”, lembra. Em 2008, ela descobriu, por meio da internet, que a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) tinha um grupo de estudos para entender o que pessoas como ela estavam sentindo. Ela fez a avaliação e descobriu que a poliomielite que teve nas pernas aos 2 anos, agora está se manifestando nos membros superiores.

Segundo Bernadete, ainda não há comprovação sobre o que pode causar a síndrome. A doença se desenvolve porque os neurônios motores que não morreram com a pólio passam a fazer o papel daqueles que foram afetados pela doença. Com o passar do tempo, a sobrecarga faz eles entrarem em colapso. O problema pode atingir até 70% da população que teve paralisia infantil. Mais de 10.600 casos foram registrados em São Paulo entre 1960 e 1989.

‘É um trabalho de formiga’
Sem centros especializados que conheçam à fundo a doença, as pessoas que tiveram poliomielite e agora sofrem com a síndrome pós-pólio contam com a famosa divulgação boca a boca. A maioria não sabe que ela pode aparecer. “É um trabalho de formiguinha mesmo. Com a minha cara de pau abordo as pessoas que parecem ter tido pólio”, conta Izabel Maria Cirella, que tem três centímetros a menos na perna esquerda.

Foi assim que Maria dos Santos soube que poderia ter a doença. “Eu estava no estacionamento do supermercado quando ela me chamou e perguntou se eu tinha tido pólio”. A doença foi diagnosticada quando ela tinha 9 meses. Como sequela, ela tem uma diferença de sete centímetros entre as pernas. “Os médicos não estavam preparados na época e também não estão agora”, ressalta Maria.

No estado, segundo o Centro de Vigilância Epidemiológica, existem cerca de 900 casos cadastrados. Os atendimentos e a triagem são realizados na Abraspp (Rua Estado de Israel, 899, Vila Clementino, Zona Sul. Fone: 2991- 8912). Unifesp: (0xx11) 5571-3324.

Reconhecida como doença só em 2009
A Organização Mundial de Saúde (OMS) reconheceu a Síndrome pós-poliomielite como doença em 2009 e ela foi incluída na última revisão do Código Internacional de Doenças. Isso só foi possível por causa da mobilização brasileira.

Pesquisadores, médicos e pacientes se uniram na Associação Brasileira da Síndrome Pós-Poliomielite (Abraspp) e conseguiram mostrar a importância do problema para as autoridades de saúde. A grande mudança foi que a síndrome deixou de ser considerada só uma sequela tardia da poliomelite. Com isso, tratamentos e médicos que já realizam atendimentos podem obter mais informações para cuidar dos pacientes. “É muito importante que as pessoas que tiveram pólio e começarem a perceber os sinais procurem um serviço médico”, ressalta Bernadete Paula Eduardo, do Centro de Vigilância Epidemiológica do Estado.

Normalmente, os primeiros sinais aparecem cerca de 15 anos após a fase aguda a pólio. Como a maioria dos serviços médicos não possui profissionais capacitados para tratar a doença, muitos esperam anos para obter o diagnóstico correto.

Fonte: http://www.diariosp.com.br/  (10/07/2010)
Referência: Portal Mara Gabrilli

Veja também nesse blog:
Poliomielite: quadro clínico e diagnóstico
Vídeo sobre Poliomielite
A poliomielite e as celebridades
Poliomielite: Prevenção e Tratamento
Conheça as vacinas necessárias para crianças

Compartilhe:
Pin Share

Vera Garcia

Paulista, pedagoga e blogueira. Amputada do membro superior direito devido a um acidente na infância.

9 thoughts on “Síndrome pós-pólio atinge 70%

  • Raquel Rodrigues Soares

    Tive poliomielite ao 9 meses de idade,tenho alguns sintomas da Síndrome pós pólio.
    Queria marcar uma consulta na Unifesp,mas pediu para ligar na primeira semana de Janeiro de 2012 ,e na Abraspp no próximo mês. Queria saber se não tem um email para maiores informações e se não há mais informações sobre a síndrome.
    Hoje tenho 45 anos,sei que são raros os médicos que sabe sobre ela.
    Fui comentar com uma médica sobre o que descobri no site e ela disse que não era para dar importancia ao que se lê na internet.
    Acho que ela está errada em falar isso comigo.
    Um abraço
    Raquel

    Resposta
      • Maria Helena de Araujo Petilo

        Uma resposta para Raquel Rodrigues.
        Raquel Boa tarde espero que ja tenha resolvido seu problema, Deus abençoe seu tratamento.
        voce pode entrar no site da ABRASPP pegar o numero e marcar uma consulta , viajar para S. Paulo e se possível for procurar um medico conhecido que peça uma consulta lá para gerar um pedido no TFD ( tratamento fora do domicilio) de sua cidade, fazer uma vaquinha com os amigos para viajem, foi assim que fiz.rsrsrsrs.

        Olá, meu nome é Maria Helena, moro em Salvador. Tive pólio com 02 meses de vida e comecei a andar com quase 03 anos, sentia muitas dores, minha mãe sofreu muito pois não tinha idéia do que era, diziam que uma vez a paralisia infantil passou pela fase critica não tinha mais problema algum, todo tipo de tratamento foi feito, fisioterapia, medicações etc, até tratamento caseiro, tenho sofrido muito desde então.
        médicos não conseguem diagnosticar essa doença o nosso governo não toma uma posição.Há 03 anos comecei a fazer uma investigação pelos sintomas na internet e descobri que quem sofreu de paralisia infantil pode ter SPP, então descobri a ABRASPP em São Paulo, marquei consulta fiz exames que depois diagnosticou SPP. Hoje faço tratamento com uma Neurologista aqui mesmo em Salvador, mas parece que é somente paliativo, as dores continuam, os ossos do quadril parecem soltos. o cansaço a cada dia piorame a fraquefa me pegou de jeito. estou com 50 anos e horrorizada de perceber como estou definhando a cada dia, sem forças e sem vontade de mais nada, ainda trabalho em ritmo de plantão.

        desculpe pelo meu desabafo, Obrigada.

        uma pergunta;como descobrimos o tipo de paralisia infantil que tivemos na epoca?

        Resposta
  • Vicente Junior

    Hoje tenho 53 anos (com carinha de 52), tive pólio aos 10 meses,e andei só depois de 2 anos, leve, mas afetou o pé esquerdo e o braço esquerdo…Quando a gente começa a entender que é diferente, acho que por volta dos 7 ou 8 anos, a reação é se esconder, não querer participar das atividades da escola, principalmente na aula de educação física… nossa quanta tortura… eu sabia que era bom de bola e chutava de pé esquerdo (quase um Rivelino..rsrsrsrs), mas os amigos tiravam um sarro, olha como ele anda, olha o braço dele como é mais fino, etc, hoje é bullyng, né? (é assim que se escreve?) Mas muitos se renderam ao meu futebol, fazia uns gols incríveis. Achei que nem ia arrumar uma namorada… e a vergonha quando ele soubesse que eu tinha tido paralisia…Emprego então, tinha medo do exame médico, mas precisava trabalhar para ajudar a família, Foi dureza; Hoje tudo passou, sobrevivemos, felizes, casei, exeleeeente esposa, filhas maravilhosas…Minha mágoa é a dor que minha mãe deve ter passado, na época, sem grana..; Abraços aos amigos que passaram por isso. Quem teve culpa? Falta de vacinação na época? Médicos despreparados? Mas Deus nos trata como pessoas iluminadas, não é? Quem já percebeu isso? Fui….

    Resposta
    • Vera Garcia

      Gostei muito do seu relato, Vicente! Muito bacana sua história de superação!
      Felicidades e um abraço.

      Resposta
  • claudia medeiros

    Boa noite me chamo claudia sou cadeirante, paralisei com 06 meses de nascida nunca cheguei a andar, e agora estou com 38 anos e comecei a sentir todos esses sintomas gostaria de saber qual médico devo procurar. moro no rio grande do norte não sei se tem algum médico especializado aqui, mas se não tiver aqui posso procurar fora.aguardo resposta.

    Resposta
  • Nadja Vieira

    Olá

    Me chamo Nadja tenho 45 anos e tive pólio com 8 meses.Estou com alguns sintomas da SPP e não sei onde achar um médico que conheça a síndrome aquí em Salvador/Ba.Sabe de alguma clinica para que eu possa diagnosticar e me tratar ,aqui na cidade?

    Ficarei muito grata.

    Resposta
  • ARMINDA M. NASCTO

    Tenho 52 e tive paralisia com 3 meses de idade. Tenho todos estes sintomas da SSP. É muito difícil pra mim porque tenho que trabalhar fora e ainda cuidar da minha casa…. lavar, passar, limpar, etc… Me sinto mal porque não consigo dar conta do serviço. Sinto muita canseira, fadiga, por pouca coisa.
    O problema é que as pessoas não entendem, acham que é preguiça e relaxo. gostaria de saber se em Londrina-Pr, tem algum médico que poderia me ajudar nesta doença.

    Resposta
  • Ivo Souza

    58 anos e com paralisia infantil com 3 anos, hoje sinto dores nos ombros, insônia, cansaço e esgotamento físico, por vezes não sinto as pernas e caio. A paralisia comprometeu toda a perna esquerda com encurtamento. Os médicos no Rio de Janeiro não estão nem aí com a doença, totalmente indiferentes com o problema ou não sabem como proceder. Sou aposentado em atividade na empresa, quero sair e não mandam embora. Como conseguir laudo da síndrome pós-poliomielite.

    Resposta

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

error: Content is protected !!

Damos valor à sua privacidade

Nós e os nossos parceiros armazenamos ou acedemos a informações dos dispositivos, tais como cookies, e processamos dados pessoais, tais como identificadores exclusivos e informações padrão enviadas pelos dispositivos, para as finalidades descritas abaixo. Poderá clicar para consentir o processamento por nossa parte e pela parte dos nossos parceiros para tais finalidades. Em alternativa, poderá clicar para recusar o consentimento, ou aceder a informações mais pormenorizadas e alterar as suas preferências antes de dar consentimento. As suas preferências serão aplicadas apenas a este website.

Cookies estritamente necessários

Estes cookies são necessários para que o website funcione e não podem ser desligados nos nossos sistemas. Normalmente, eles só são configurados em resposta a ações levadas a cabo por si e que correspondem a uma solicitação de serviços, tais como definir as suas preferências de privacidade, iniciar sessão ou preencher formulários. Pode configurar o seu navegador para bloquear ou alertá-lo(a) sobre esses cookies, mas algumas partes do website não funcionarão. Estes cookies não armazenam qualquer informação pessoal identificável.

Cookies de desempenho

Estes cookies permitem-nos contar visitas e fontes de tráfego, para que possamos medir e melhorar o desempenho do nosso website. Eles ajudam-nos a saber quais são as páginas mais e menos populares e a ver como os visitantes se movimentam pelo website. Todas as informações recolhidas por estes cookies são agregadas e, por conseguinte, anónimas. Se não permitir estes cookies, não saberemos quando visitou o nosso site.

Cookies de funcionalidade

Estes cookies permitem que o site forneça uma funcionalidade e personalização melhoradas. Podem ser estabelecidos por nós ou por fornecedores externos cujos serviços adicionámos às nossas páginas. Se não permitir estes cookies algumas destas funcionalidades, ou mesmo todas, podem não atuar corretamente.

Cookies de publicidade

Estes cookies podem ser estabelecidos através do nosso site pelos nossos parceiros de publicidade. Podem ser usados por essas empresas para construir um perfil sobre os seus interesses e mostrar-lhe anúncios relevantes em outros websites. Eles não armazenam diretamente informações pessoais, mas são baseados na identificação exclusiva do seu navegador e dispositivo de internet. Se não permitir estes cookies, terá menos publicidade direcionada.

Visite as nossas páginas de Políticas de privacidade e Termos e condições.

Importante: Este site faz uso de cookies para melhorar a sua experiência de navegação e recomendar conteúdo de seu interesse. Ao utilizar nosso site, você concorda com tal monitoramento.