Namoro

Será que ainda falta inclusão nos apps de relacionamento tradicionais?

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O tema acessibilidade deveria ser uma preocupação cada vez maior não só fora, mas também no meio digital, principalmente de quem se propõe a criar produtos e serviços inclusivos e que atendam as necessidades de diferentes tipos de consumidores.

Segundo dados do Censo 2010 do IBGE, que ouviu 46 milhões de brasileiros, cerca de 24% da população declararam ter algum grau de dificuldade, incluindo deficiência física, motora, visual ou auditiva; mas como ficam essas pessoas na hora de flertar ou encontrar alguém em um aplicativo de relacionamento?

Lendo sobre esse tema, me deparei com uma pesquisa divulgada pela empresa QuackQuack, líder entre os aplicativos de namoro na Índia. Segundo os dados divulgados, 43% das pessoas com deficiência entre 21 e 30 anos contaram que o namoro sempre ficou em segundo plano. Por outro lado, 52% das pessoas com idades entre 25 e 30 anos usam aplicativos de namoro para encontrar pessoas por conta da simplicidade proporcionada pela tecnologia.

Dessa pesquisa, dois dados me chamaram a atenção: o primeiro dizia que 49% dos entrevistados optam por não definir conversas baseadas em sua deficiência, enquanto 51% preferem informar já no início; e 41% das mulheres revelaram falta de confiança em parceiros por medo de se sentirem menos atraentes devido à sua condição física.

Será que ainda falta inclusão nos apps tradicionais?

Para saber mais sobre a experiência de PCDs em aplicativos, conversei com o influenciador digital Danilo Casalechi e com o tradutor e redator Renato Farias.

Sobre utilizar um aplicativo com foco em PCDs, tanto Danilo quanto Renato concordam que seria um investimento importante.

“Considero que seja algo positivo, sim, se tem gente querendo conhecer PCDs, seja por fetiche, seja por curiosidade, e tem PCDs querendo relacionamento ou sexo ou simplesmente se sentirem desejados, por que não criar um espaço onde esses dois grupos se encontrem e supram as necessidades um do outro?”, questiona Renato.

“Para mim é positivo porque facilita o encontro entre as pessoas. Existem momentos bonitos e histórias bonitas que passaram do virtual para o real. […] Usaria sim, principalmente se tivesse um aplicativo focado em pessoas com deficiências. Gosto de conhecer pessoas, conversar e ter um aplicativo que nos una facilitaria a comunicação”, diz Danilo.

Ele relata sua experiência com os apps de relacionamento. “Usei alguns aplicativos, tive boas experiências mas senti falta de me ver lá dentro como uma pessoa com deficiência. Noto que nos aplicativos os deficientes ficam muito escondidos, não me senti representado”, pontua.

‘É preciso estar preparado para as questões dos outros’

Sobre a facilidade dos aplicativos, Renato reforça que é necessário estar preparado para lidar com os outros: “Acredito que aplicativos facilitam bastante o encontro/contato com outras pessoas, mas você tem que estar preparado para lidar com as questões dos outros também (inseguranças, homofobia internalizada, etc.) e ter aquela consciência básica de que o fato de você achar alguém interessante não significa que a pessoa vai retribuir o interesse”.

Ele falou ainda sobre a experiência em fóruns voltados a PCDs: “Já usei um fórum de discussão gringo voltado para mulheres e gays devotees [pessoas com fetiche por PCDs] e homens PCD, a maioria esmagadora era mulher; tive alguns papos interessantes e cheguei a conhecer virtualmente um rapaz cadeirante do interior de Minas, mas nada além disso”.

Você sempre se declara como PCD nesses apps de relacionamento?

Segundo Renato: “Nem sempre me declaro como PCD. Já tive períodos de propositalmente esconder essa informação e torcer pra conquistar a pessoa no papo a ponto de ela não se importar quando descobrisse, já tive períodos de ser a primeira coisa que colocava no perfil para caso fosse um problema a pessoa não perder o tempo dela ou o meu puxando papo. Hoje em dia, se eu não coloco em algum perfil é porque esqueci, tipo esquecer de colocar que gosto de ‘RuPaul’s Drag Race’, ou que tenho dois cachorros, é só mais um fato da minha vida”.

Para ele, honestidade e diálogo aberto são importantes: “Já tive experiências tanto de pessoas com fetiche por PCD quanto de pessoas que me rejeitaram quando eu falei que era PCD, alguns veladamente e outros abertamente. Confesso que prefiro aqueles que falaram na cara que não queriam sair comigo porque sou PCD —foram capacitistas, mas foram honestos, e eu sei que o problema não fui eu e sim o preconceito deles. Os que rejeitam de forma velada sempre deixam uma pulga atrás da orelha, uma incerteza, se de repente eu podia ter feito ou dito alguma coisa pra fazer dar certo”, conta.

Será que falta muito para as plataformas tradicionais se adaptarem? O que você acha que os apps de relacionamento podem fazer para se tornarem cada vez mais inclusivos? Deixa aqui nos comentários!

Fonte: https://www.uol.com.br/universa

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Vera Garcia

Paulista, pedagoga e blogueira. Amputada do membro superior direito devido a um acidente na infância.

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