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Vagas preferenciais e a intolerância da sociedade

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Vagas PreferenciaisEm abril do ano passado um empresário, em Porto Alegre, que teria uma filha cadeirante discutiu por causa de uma vaga preferencial e foi ferido por um motorista com uma barra de ferro. Ele sofre até hoje pelas consequências de seu ato. Em janeiro desse ano, fomos surpreendidos com a notícia de que um advogado cadeirante apanhou de um delegado em São José dos Campos, São Paulo, em briga por causa de uma vaga reservada à pessoa com deficiência. Segundo informações da corregedoria da Polícia Civil, o processo administrativo contra o delegado deverrá ser concluído em abril e definirá se o delegado será ou não punido. Mal nos refazemos em relação à última notícia, em março desse mesmo ano, uma paranaense tetraplégica foi agredida em um estacionamento por ter chamado a atenção de um motorista que não estava autorizado a estacionar seu carro numa vaga preferencial.

Caro leitor, propositalmente relembrei estes três casos para que você possa ter uma ideia da barbárie em que chegamos. Individualismo, impaciência, desrespeito, intolerância parece ser “regra de convivência” em nossa atual sociedade. Ideia de coletividade há muito tempo foi deixada de lado e o que prevalece é à vontade e opinião de cada pessoa.

“E eu com isso?” Essa parece ser a frase do momento. Motivos para agressão verbal ou física são os mais banais possíveis e tem se tornado constante em diversas situações e ocasiões. Toda ação gera uma reação, mas nada justifica atitudes e comportamentos extremamente agressivos como os casos citados acima. Será que toda vez que formos tratados com desrespeito deveremos agir da mesma maneira? Afinal  violência gera violência e gentileza gera gentileza…

Se aliarmos essa “regra de convivência” à questão do preconceito, a situação torna-se ainda mais grave. Sabemos que no Brasil a questão do preconceito em relação aos segmentos vulneráveis é extremamente forte. No que diz respeito à pessoa com deficiência a situação é lamentável. Infelizmente essas pessoas ainda são vistas pela sociedade como um ser frágil, sofrido, incapaz… Presta-se mais atenção aos impedimentos e às aparências do que aos potenciais e capacidades de tais pessoas.  E a nossa sociedade extremamente individualista e narcisista quer negar e até mesmo ocultar, a qualquer preço, a existência dessas pessoas. Basta vermos os exemplos citados acima.

Quando o Poder Público dará uma atenção maior a essa problemática?  Pois o descaso continua… Fiscalização e punição em relação ao uso indevido dessas vagas efetivamente não acontecem.  Será que não percebem que algo urgentemente precisa ser feito? Ou vão esperar que pessoas morram para que possam agir?

É dever de cada cidadão seja ele com ou sem deficiência pagar os impostos. Mas também é dever do Estado zelar pela segurança de todos indivíduos,  independente de cor, raça, sexo, deficiência , e proteger a liberdade individual e/ou fazer cumprir as leis.

Aparentemente não vejo manifestação do Movimento Direitos Humanos em relação aos casos de discriminação contra pessoas com deficiência. Por quê? Partindo da premissa que direitos humanos são direitos e liberdades básicos de todos os seres humanos, por que não há uma intervenção eficaz desse Movimento nesse sentido? 

Gostaria de finalizar esse texto com a frase da pesquisadora Sandra Regina Schewinsky: “A barbárie não está só naquele que puxa o gatilho, ou assina as leis, ou vende as drogas. Ela está na frieza das ações e não ações, no julgamento do outro, na falta de afeto e de solidariedade!”.

Vera Garcia (Blog Deficiente Ciente)

Veja:

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Vera Garcia

Paulista, pedagoga e blogueira. Amputada do membro superior direito devido a um acidente na infância.

10 thoughts on “Vagas preferenciais e a intolerância da sociedade

  • Já se esqueceu que “direitos humanos” por aqui só são acessíveis a ladrão, assassino, comunista, traficante e drogado? Eu não duvido que se o sujeito que agrediu o empresário com uma barra de ferro tivesse sido recolhido sob os rigores da lei logo apareceria um daqueles mafiosos da comissão de direitos humanos da OAB para defender…

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    • Vera Garcia

      Que absurdo, não é, Daniel!?

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      • Absurdo demais. Mas não poderia ser diferente num país em que a bandidagem está com tentáculos tão fundos dentro dos 3 poderes. Me causa um enorme desgosto ver esse esquerdismo lesa-pátria transformando um país tão abençoado num chiqueiro.

        Resposta
  • Querida amiga,sofro muito com isso…a vaga para nós portadores existem somente pintada no chão dos lugares aonde vamos ,poreé o respeito que merecemos devido a nossas limitações são pouco considerados….eu mesma sempre brigo nos estacionamento do Banco do Brasil onde vou qdo necessário;e lá esta a vaga ocupada por pessoas que não tem nenhuma deficiência …

    conclusão:

    EU BRIGO MEESSSSMOOOOO!!!!!FALO ALTO EM BOM TOM QUE ISSO É DESUMANO,É UM DESRESPEITO TOTAL CONOSCO QUE NECESSITAMOS DA VAGA QUE JÁ É TÃO LIMITADA PARA NÓS E AINDA PESSOAS SEM PROBLEMAS ALGUM OCUPAM A MESMA E SAEM COMO SE NADA FOSSE!!!TENHAM VERGONHA NA CARA!!!TENHAM CONSCIÊNCIA QUE INFELIZMENTE PRECISAMOS DESTA VAGA MAIS PRÓXIMA E TENHAM BOM SENSO ….NÃO FAÇA AOS OUTROS O QUE NÃO GOSTARIAM QUE FIZESSEM A VC OU ALGUÉM DE SUA FAMÍLIA…PENSEM NISSO!!!

    Desculpe mas precisava desabafar,pq o desrespeito é demais sem falar no Hipermercado Carrefour na qual eu vou com frequência fazer minhas compras e NUNCA,NUNCA tem carrinhos motorizados para poder fazer minhas compras…TENHAM VERGONHA E TOMEM UMA ATITUDE DESCENTE PARA CONOSCO CIDADÃOS CONSUMIDORES IGUAL A OUTRO QUALQUER ,QUE PAGAMOS NOSSOS IMPOSTOS E MERECEMOS NO MÍNIMO RESPEITO,CONSIDERAÇÃO DE SERMOS TRATADOS COM DIGNIDADE TENDO AO NOSSO DISPOR VEÍCULOS EM PERFEITO ESTADO PARA COMPRARMOS NOSSAS COISAS NECESSÁRIAS ….

    Obrigada e abraços a vc querida, regado de sucessos em seu blog maravilhoso; ajudando a nós todos, portadores de alguma deficiência!!!

    Regina Espósito-A

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  • Vera Garcia

    Adorei seu recado, Regina!!
    Sei como é isso… Já vi várias cenas de desrespeito no hipermercado Carrefour. Com certeza ele deve ser campeão de reclamações.

    Obrigada e beijos!

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  • Paulo César

    Vera, parabéns pelo artigo.
    Vivemos em um mundo onde a grande maioria das pessoas não se preocupam mais com o próximo. Todos estão sempre apressados e um minuto perdido é como se fosse um ano. Quando os apressadinhos entram no shopping a procura de uma vaga no estacionamento, vale tudo. Repare os estacionamentos em véspera de datas comemorativas (dias das mães, Natal, etc),,, carros em cima de calçadas, todas as vagas de idosos e deficientes ocupadas (?). E tem mais, no momento que as pessoas são obrigadas a pagar 3 a 4 Reais pelas vagas se acham no direito de estacionar aonde desejam, principalmente quando não encontram uma vaga próxima do local aonde efetuará as suas compras.
    Uma piadinha…
    Nos shoppings poderiam haver lojas que vendessem cidadania e respeito ao próximo.

    Abraço e cidadania já .

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    • Vera Garcia

      Obrigada, Paulinho! Infelizmente tenho que concordar com você.

      Beijos e obrigada pelo comentário!

      Resposta
  • Joaquim Bispo

    Eu acho que todos estão esquecendo de acionar o ministério público, o qual está apto para por em prática a Lei 10.48. Devemos pagar o bem com o bem e o mal com justiça.

    abraço a todos.

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  • denyson luiz

    Saiba que toda minha familia tem certo conhecimento no direito, que temos de respeitar o direito das pessoas com deficiencia, sou cadeirante portador de distrofia muscular de becker, nossa familia e outras pessoas que nos convivemos, deixamos fortes influencias nelas, por ver nossos sofrimentos bem próximos. Nunca deixaremos de lutar por nosso direitos que são restritivos. O direito de ir e vir e extirpado de nossas capitais que receberão a copa do mundo, será que nossos políticos iram maquiar e mostrar que esse país te acessibilidade? Não devemos nos calar diante de monstros inescrupolosos que nos rodeiam. Poderão nos esfolar e nos matar, mas nossas ideais e nossos espiritos jamais deixarão de clamar por dias melhores.

    Resposta
  • A lei só defende vagabundo nesse pais!! eu já quase apanhei na fila do mercado por exigir meus direitos, pois as minhas 2 filhas, isso mesmo as 2 são especiais, a mais velha no carro com o pai a mais nova comigo fazendo escândalo no mercado apenas pedi que me cedessem a vaga na fila especial quase fui agredida, mas pera ai e nosso direito.. fora a humilhação que passei pela funcionária exigindo provas, sorte que eu tava com receituários das duas e rgs delas.. para provar que não era mentira..mas desmoraliza nossa situação é ridículo isso!!!

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