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Universidades incluem Libras nos cursos para profissionais de saúde

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Em Alagoas, futuros médicos e enfermeiros ficarão mais preparados para acolher a comunidade surda

Enquanto os hospitais públicos ainda não têm a Língua Brasileira de Sinais institucionalizada, as universidades têm oferecido a disciplina de Libras na grade de ensino em diversos cursos. Algumas delas dão especificamente para estudantes dos cursos da área da saúde, como medicina e enfermagem. São novos profissionais que entrarão no mercado de trabalho aptos para acolher um público que convive com o drama de não ser atendido adequadamente ou porque não entende os profissionais da saúde ou porque não é compreendido por eles

O Centro Universitário Cesmac, por exemplo, tem um projeto denominado de “Librolândia”, desenvolvido pelo enfermeiro, docente e ouvinte Joilson Saraiva, que ministra aulas de Libras para alunos de medicina e, na faculdade Seune, para estudantes de enfermagem.

“Toda a minha abordagem de ensino é voltada para a saúde. Ele [aluno] vai entender como irá atuar diante do surdo quando for um profissional médico. A gente desperta no aluno o interesse pela comunidade surda, para que ele veja um surdo não como um coitadinho ou alguém que está à margem da sociedade, mas sim que perceba que a gente precisa trazer a inclusão para dentro da nossa realidade”, explica Joilson Saraiva.

Em sua metodologia de ensino, ele explica, primeiramente, o que é a Libras, expõe relatos de comunicação e discorre sobre os processos históricos, desde a era pré-socrática e toda a história de exclusão, segregação e a conquista pela inclusão. “A gente relata muito que o surdo teve 502 anos de exclusão e apenas 17 anos de inclusão, quando teve seus direitos garantidos por lei”, afirma o professor. Ressalta-se que foi apenas em 2002 que a Língua Brasileira de Sinais foi reconhecida oficialmente no Brasil pela Lei nº 10.436, sancionada em 24 de abril daquele ano.

Sinais que são mais utilizados em consultas
As etapas da metodologia de ensino são finalizadas quando são ensinados os sinais que serão utilizados no momento da consulta. Muitos deles específicos, empregados apenas no contexto médico, tais como sinais para solicitar exame físico, exame de urina, de sangue e até tomografia. Ao final do semestre, os estudantes apresentam os sinais em banners no pátio da universidade. A partir de 2019, o professor de Libras garante que já tem turma de profissionais médicos que atuam no curso de medicina inscritos para aprender a língua de sinais.

O Centro Universitário Cesmac possui dois tipos de cursos de Libras. Um deles é o Ensino a Distância para alunos de todos os cursos da área da saúde. De forma presencial, até 2018, só estava disponível para os cursos de medicina e enfermagem. De acordo com Joilson Saraiva, a partir de 2019 o curso de Libras a distância se tornará presencial e obrigatório para todos os alunos dos cursos da saúde.

O projeto tem dado certo e Joilson tem contado essa experiência com os alunos em um blog criado por ele. Relatos de estudantes mostram a importância de aprender a língua para a aplicação do tratamento diferenciado à comunidade surda. “A experiência na matéria de Libras foi muito diferente de tudo que tínhamos vivido. Foi uma tentativa de nos mostrar, na prática, um pouco das diferenças que nós, futuros médicos, iremos encontrar. Precisamos aprender uma nova língua como forma de inclusão social e melhor qualidade no atendimento”, diz uma aluna de medicina em depoimento ao blog.

Outras universidades que oferecem o curso de Libras é a Seune, obrigatório há três anos para estudantes de enfermagem; Uncisal, voltado para alunos de medicina e é ministrado por uma professora surda; Uninassau, voltado para alunos dos cursos de enfermagem, nutrição, fisioterapia, biomedicina, farmácia, odontologia e radiologia, entretanto os cursos são ofertados de maneira optativa e, segundo a instituição, nunca nenhum aluno se matriculou; Universidade Federal de Alagoas, disponível para todos os cursos como disciplina eletiva e são ministradas tanto por surdos como por ouvintes.

Fonte: https://www.op9.com.br

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Vera Garcia

Paulista, pedagoga e blogueira. Amputada do membro superior direito devido a um acidente na infância.

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