InclusãoTerminologia da Deficiência

A mídia: seu papel de aliado pró-inclusão de pessoas com deficiência na sociedade brasileira

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MídiaCaro leitor,
O artigo abaixo, foi escrito pelo consultor de inclusão social, Romeu Sassaki, em 1999.  Apesar do artigo não ser recente, muitos dos exemplos citados por ele continuam sendo usados pela grande maioria da mídia. confira!

Este artigo se baseia primordialmente na experiência profissional que venho desenvolvendo desde 1960 na questão das pessoas com deficiência, nos aspectos de educação, trabalho, reabilitação, lazer e acessibilidade ambientar. Nos primeiros 18 anos (até 1978), meus contatos com a mídia aconteceram basicamente na condição de orientador profissional trabalhando em um centro de reabilitação. Naquela época, eu precisava encontrar empregos competitivos para os nossos clientes reabilitados. E nesse sentido utilizei o rádio e o jornal, como os principais veículos para eu divulgar não só o nosso serviço de reabilitação como também a nossa necessidade de abrir o mercado de trabalho. Já nos 11 anos seguintes (até 1989), meus contatos com a mídia têm ocorrido na condição de militante do movimento organizado pelas próprias pessoas com deficiência.

As abordagens foram diferentes uma da outra. Como representante de um centro de reabilitação, eu utilizava a mídia para que ela divulgasse as nossas necessidades. Portanto, a mídia veiculava, na maior parte das vezes, matérias por nós preparadas. Mas, mesmo assim, a mídia sempre alterava um pouco as nossas matérias, dando um novo formato, usando algumas palavras por conta deles ou até distorcendo boa parte das matérias. Já como militante do movimento das pessoas com deficiência, a minha abordagem passou a ser de crítico das matérias que a própria mídia preparava a respeito dos portadores de deficiência. Essa posição de crítico partia da perspectiva do movimento que, no Brasil a partir de 1979, começava a delinear uma bandeira em defesa da imagem da pessoa portadora de deficiência. Esse movimento, de início, teve um caráter de defesa dos direitos das pessoas com deficiência e, em seguida, desenvolveu a prática da filosofia de vida independente.

Uso correto da terminologia sobre o tema deficiência
Preconceitos na contramão da inclusão social

Acontece que, aproximadamente no ano de 1989, o movimento brasileiro de vida independente viu nascer o conceito de inclusão social contrapondo-se ao conceito de integração social. Passei então a abordar a mídia, não mais com críticas agressivas, e sim com objetivos educativos e cooperativos. Todos nós – a mídia, os especialistas em reabilitação e educação especial, os próprios portadores de deficiência e suas famílias, os empregadores evoluímos no trato com a questão das pessoas com deficiência. Estamos em plena era da inclusão social.

Eunice Nunes, correspondente da Folha, escreveu a matéria “Limites da liberdade: Constituição regula abusos contra direitos pessoais”, que saiu publicada na Folha de S. Paulo, de 9 março de 1997, na página 5115. Num trecho, diz a jornalista:

“A constituição Federal assegura, no Brasil, a liberdade de expressão, de comunicação e de informação jornalística, sem qualquer restrição. Mas garante também os chamados direitos da personalidade: o direito à intimidade, à vida privada, à honra e à imagem das pessoas. (… ) Celso Bastos lembra que a informação jornalística é essencial para a democracia. Portanto, quando a informação é de interesse da sociedade, o direito de informar sobrepõe-se aos direitos individuais. Renê Ariel Dotti, professor de direito penal da Universidade Federal do Paraná, destaca que o jornalista e os órgãos de comunicação devem sempre ter o cuidado de confirmar as informações antes de publicá-las, para evitar agirem com negligência ou imperícia.”

Eu acrescentaria que o jornalista e os órgãos de comunicação devem sempre ter o cuidado de verificar a terminologia correta antes de publicá-la ou de verbalizá-la.

PROGRAMAS DIVERSOS COMETENDO DESLIZES

A seguir, destaco palavras e frases inadequadas ditas por repórteres de televisão em matérias específicas sobre pessoas com deficiência ou em noticiários gerais de grande audiência. Após a fala de cada repórter, faço um breve comentário sob o paradigma da inclusão.

Repórter 1:

“Stephen Hawking, um gênio da física, preso a uma cadeira de rodas, produz uma obra revolucionária. ”

A palavra preso (assim como confinado), além de ser incorreta, perpetua a imagem de coitadinho, de sofredor. A cadeira de rodas é apenas um recurso para suprir a dificuldade de locomoção. Bastaria ter dito: “sentado numa cadeira de rodas” ou “que anda numa cadeira de rodas”.

Repórter 2:

“Criado por D. Pedro II, o Instituto Nacional de Educação de Surdos usa uma linguagem própria, a LIBRA – Linguagem Brasileira de Sinais, que ainda não foi aprovada pelo Congresso. Nesta sala de aula, as crianças aprendem português e linguagem de sinais ao mesmo tempo. ”

O nome correto é LIBRAS e não LIBRA. E significa Língua Brasileira de Sinais e não Linguagem Brasileira de Sinais. Assim como não se diz linguagem portuguesa (e sim língua portuguesa), também é incorreto dizer linguagem de sinais.

Repórter 3:

“Este apartamento é da profª Ethel Rosenfeld. Ela é cega mas mora sozinha há 15 anos. ”

Eis aqui o preconceito embutido no raciocínio do repórter: “Pessoa cega não deveria morar sozinha ou não é capaz de morar sozinha”. Por isso, ele disse: “Ela é cega mas mora sozinha.” Bastaria dizer: “Ela é cega e mora sozinha.”

Repórter 4:

“Só movimentando a cabeça e preso a uma cadeira de rodas especial que ele comanda com os movimento da boca, se formou em direito pela Universidade de Brasília. “

Este outro repórter também disse “preso a uma cadeira de rodas”. É uma tendência das pessoas que querem exagerar a carga emocional da situação. É o hábito de contrapor “algo supostamente bem negativo” (estar numa cadeira de rodas) a “algo supostamente bem positivo” (formação em direito) para aumentar o mérito de uma ação supostamente boa (o esforço de concluir um curso superior).

Repórter 5:

“Super-homem. Vítima do destino, vive como um paralítico após sofrer uma queda de cavalo. Desde então, o ator vive uma luta dramática em busca da recuperação. O drama de Christopher Reeves emociona milhões de pessoas. A imagem do homem dotado de super poderes foi substituída pela imagem de um tetraplégico. Disposto a vencer a dura realidade, ele vem mostrando a força e a disposição de um super-herói. Reeves é um grande exemplo de superação. Mesmo imobilizado numa cadeira de rodas, o ator acaba de lançar um filme em que assina a direção. “

Em apenas 35 segundos, este repórter conseguiu falar sete frases inadequadas, exagerando completamente a carga emocional dos fatos, além de usar algumas palavras incorretas, tais como “vítima do destino”, “imobilizado numa cadeira de rodas”. Observem os chavões que ele usou para criar imagens sensacionalistas: “vive uma luta dramáticas”, “emociona milhões de pessoas”, “vem mostrando a força e a disposição de um super-herói”, “um grande exemplo de superação”. Tudo isso reforça estereótipos que os próprios portadores de deficiência vêm lutando há décadas para eliminar. São as falsas compensações para minimizar a dimensão real da deficiência.

Repórter 6:

“Renato tem 8 anos e sofre de distrofia muscular progressiva.”

Aqui a palavra incorreta é: “sofre”, que induz o ouvinte a ter pena de Renato. O

correto é simplesmente dizer: “Renato tem distrofia muscular progressiva”.

Repórter 7:

“Os pais que não têm vergonha de Ter filhos diferenciados levaram suas crianças para brincar no calçadão de Copacabana. “

Ao desejar atribuir um mérito aos pais, o mérito de não ter vergonha, a repórter generalizou os motivos que os pais teriam para ir ao calçadão de Copacabana. E usou o termo “filhos diferenciados”, que é inadequado, quando poderia ter dito simplesmente “filhos com deficiência”.

 Repórter 8:

“Ela é mãe de Érica, quadriplégica, e conhece bem as dificuldades de outras

mães em situações semelhantes à dela. “

Aqui a repórter usou a palavra “quadriplégica”, estranha no Brasil. O termo correto é “tetraplégica”.

Repórter 9:

“0 futuro adulto que tem uma deficiência vai enfrentar um mundo também imperfeito, que ainda não está preparado para ele. Rosângela Berman cruzou a fronteira da normalidade quando sofreu um acidente de automóvel e ficou paraplégica. A partir daí, ela começou a brigar pelos direitos do dia-a-dia das pessoas ditas deficientes. “

Quem redigiu estas frases foi bastante infeliz na escolha das palavras e do simbolismo. Primeiro, igualou o portador de deficiência e o mundo com um adjetivo: “imperfeito”. Depois, deixou implícita a idéia de que a pessoa com deficiência não é normal, quando disse que Rosângela “cruzou a fronteira da normalidade”, um simbolismo que acabou reforçando um dos estigmas mais antigos a respeito de pessoas portadoras de deficiência. Em seguida, vitimizou Rosângela ao usar o verbo “sofrer” quando poderia ter dito que ela teve um acidente de automóvel. E finalmente usou a expressão “pessoas ditas deficientes”, numa tentativa de minimizar o fato de que Rosângela é uma pessoa com deficiência. Não existem pessoas ditas deficientes. Ou elas são deficientes ou elas não são deficientes.

ANÁLISE DE MATÉRIA SOBRE PESSOAS COM DEFICIÊNCIA

Os seguintes trechos foram extraídos de uma reportagem produzida por Márcia Peltier e exibida pela TV Manchete no dia 30 de junho de 1998. Após cada trecho, faço comentários segundo os princípios ínclusivistas.

O mito da compensação
– “0 que falta num sentido, a natureza trata de aprimorar num outro. A exemplo do pop star Stevie Wonder, o carioca Glauco Cerejo compensa a falta de visão pelo talento musical Em vez do piano, o seu instrumento é o sax, que ele toca e ensina como poucos. “

O objetivo dessas três frases foi o de reconhecer um inquestionável talento (no caso, musical) do carioca Glauco Cerejo. Contudo, elas foram inadvertidamente construídas com base no mito da compensação da deficiência. A intenção é boa mas o efeito destas frases é danoso para a meta de aceitação das pessoas com deficiência por parte da sociedade. Não se deve apresentar estas pessoas como sendo possuidoras de alguma habilidade especial em compensação por terem urna deficiência. Este mito é prejudicial à modificação das atitudes da sociedade, que assim continuará valorizando e aceitando apenas as pessoas deficientes que se sobressaiam por terem algum talento maior.

Terminologia incorreta

– “0 planeta possui atualmente 600 milhões de indivíduos que apresentam algum tipo de deficiência física ou mental.” A terminologia correta, neste caso, é deficiência física, mental, visual, auditiva ou múltipla.

– “Nos países em desenvolvimento, como o Brasil, não existe seguridade social que inclua o tratamento médico e psicológico para milhões de pessoas que têm deficiência física ou mental ” Não apenas deficiência física ou mental, mas também a visual, a auditiva e a múltipla.

– “0 American Dísabled Act, a lei federal que obriga os americanos a contratar

deficientes físicos, existe há seis anos. ” O nome correto é Americans with Disabilities Act. Conhecida também pela sigla ADA, trata-se de uma lei que abrange, além de emprego, outras quatro questões relevantes – adaptações públicas, transporte, serviços governamentais estaduais e locais, e telecomunicações. A ADA existe há oito anos e não há seis. Ela se tornou lei e foi assinada às 10h26 do dia 20 de julho de 1990 pelo Presidente George Bush.

– “Daqui a pouco, você vai ver como as leis americanas procuram proteger os deficientes físicos. Um exemplo de respeito a quem tem alguma limitação física. ” Na verdade, como se viu depois, não se tratava de leis que se referem apenas aos deficientes físicos e, portanto, apenas a quem tem limitação física, e sim a pessoas com qualquer tipo de deficiência.

– “Justin Dart é da Comissão Presidencial que cuida de questões de deficientes físicos. ” Justin Dart foi o Presidente do Comitê Presidencial de Emprego de Pessoas com Deficiência (portanto, de todos os tipos), dos EUA.

– “Nova York é uma das cidades mais hospitaleiras para os deficientes físicos. ” Não apenas para os deficientes físicos mas também para pessoas com outros tipos de deficiência.

Informação não-checada

Outra importante falha na qual as reportagens, em geral, incorrem se refere a informações erradas ou desatualizadas, como foi mostrado acima. Portanto, informações que provavelmente não foram checadas.

– “Segundo a Organização Mundial de Saúde, esta seria a causa da morte de 90% de crianças com deficiência mental até os 5 anos de idade.” Esta afirmação deveria ter sido completada com a informação de que ela é válida para alguns países, nos quais 90% das crianças com outros tipos de deficiência que não a mental não sobreviverão além dos 20 anos de idade.

– “80% [dos 600 milhões de pessoas com deficiência no mundo] vivem nos países em desenvolvimento, estimando-se que a metade seja constituída por crianças. ” A informação correta é que um terço desses 80% seja constituído por crianças.

– “Nos EUA mais de 20 milhões de pessoas são classificadas como deficientes, porque não ouvem, não falam, não vêem, não andam ou têm alguma doença mental ” Nos EUA, existem mais de 43 milhões de americanos com deficiências de todos os tipos. Onde o repórter disse “doença mental”, o termo correto é “deficiência mental”, erro este, por sinal, muito comum na mídia escrita, falada e televisionada.

– “No cálculo da Organização das Nações Unidas, o Brasil tem perto de 15 milhões de habitantes, ou I O% da população, que apresentam alguma deficiência física ou mental ” Esta reportagem foi ao ar em 3016198, portanto quando o Brasil já estava com 165 milhões de habitantes, dos quais 16,5 milhões (10%) são portadores de alguma deficiência física, mental, visual, auditiva ou múltipla.

– “Pra ele, mais do que pra ninguém, exercícios físicos são fundamentais. Foi com eles que o psicólogo de 35 anos, conseguiu recuperar movimentos que perdeu quando ficou tetraplégico. ” Na reportagem, o psicólogo é mostrado sendo entrevistado e exercendo sua rotina profissional e pessoal. Conhecendo-o, por sermos amigos, sei que ele não ficou com tetraplegia e sim com tetraparesia. A troca inoportuna de termos técnicos tem implicações sérias. Muita gente que tenha tetraplegia poderia ser levada a acreditar que recuperará movimentos como esse psicólogo de fato conseguiu.

ANÁLISE DE TEXTOS INSERIDOS EM REVISTAS COMUNS

Os seguintes comentários se referem a matérias recentemente publicadas por revistas brasileiras, cujo impacto na mente dos leitores pode ter sido profundo embora nem sempre de forma óbvia. .

1) Deficiência: o papel do milagre e o preconceito embutido

Marcos Rey, com seu estilo leve, fluente e humorístico, descreve um recurso que autores de telenovela tendem a utilizar para segurar a audiência. É o que ele designou de “0 milagre da ceguinha”, título do seu artigo publicado na revista Veja (ano 3 I, n’ 19, pág. 106, 13/5/98).

Afirma ele que vale tudo como, por exemplo, “o recurso da ceguinha, usado pelo próprio Chaplin ( ).” E prossegue dizendo que “certo autor ( ), quando sua novela balançou, desesperado, fez sua ceguinha disponível recuperar subitamente a visão ( ). Bastou abrir os olhos dela, só isso, e subirem os índices, graças a Deus e finalmente o autor, reconciliado com todos, assinou novo e polpudo contrato.”

Dois pontos chamaram a minha atenção. O primeiro é a referência que Marcos Rey faz ao uso do fim milagroso da deficiência por parte de certos autores de telenovela. Nos dias de hoje bem mais moderada, sempre existiu entre autores de telenovelas a tendência de criarem um personagem que se locomove em cadeira de rodas e que, num momento decisivo da trama, acaba andando novamente (por milagre) ou morrendo, o que em ambos os casos configura uma solução simplista e um desserviço à imagem das pessoas portadoras de deficiência perante a sociedade.

E o segundo ponto está no fato de que o próprio articulista cometeu um deslize utilizando três vezes (uma no título e duas no corpo do artigo) a palavra “ceguinha”, de conotação nitidamente preconceituosa e pejorativa.

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Vera Garcia

Paulista, pedagoga e blogueira. Amputada do membro superior direito devido a um acidente na infância.

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