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Paraplégicos exigem cuidados em casa

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Dona Militana Araújo Viana, de 66 anos, mora sozinha com seu filho Alexandre Araújo, de 26 anos, em uma casa humilde, localizada no bairro do Coqueiro, Região Metropolitana de Belém. O problema é que há um ano ele ficou paraplégico, depois de ser atingido na coluna espinhal por uma bala perdida. Alexandre vive a maior parte do tempo sobre uma cama e a idosa é a única cuidadora do filho, tendo que ajudá-lo em todas as suas atividades diárias. Logo que ele saiu do hospital, uma equipe do posto de saúde do bairro fazia os curativos do rapaz pelo menos duas vezes por semana, além de levar medicamentos. Mas, há quatros meses, esse auxílio não acontece mais. Dona Militana reclama que nunca foi orientada sobre como fazer o tratamento adequado em casa.

Este é um problema enfrentado por muitas famílias carentes que tem em casa uma pessoa paraplégica, já que, na maioria dos casos, os hospitais não dão as orientações necessárias para o tratamento adequado do paciente, quando ele volta para o convívio familiar.

As alunas Tayla Monteiro, Valdirene Texeira e Nathalia Auad, do curso de Enfermagem do Centro Universitário do Pará- Cesupa realizaram pesquisa de campo e puderam perceber as necessidades dessas orientações, pois os familiares não percebem e não têm conhecimento da importância do tratamento adequado para a recuperação desses pacientes.

A incidência de pacientes com lesão da medula espinhal vem crescendo de maneira significativa nos últimos 20 anos. No Brasil, o aumento de pacientes com lesão medular (tetraplégico ou paraplégico) se dá, principalmente, nos grandes centros urbanos. Essas lesões, na maioria das vezes, acontecem entre pessoas jovens, do sexo masculino, na faixa etária entre 18 e 40 anos. Os traumas, na maioria dos casos, são causados por arma de fogo, acidentes automobilísticos ou de trânsito, quedas de altura e mergulho em águas rasas. “Esse paciente vai depender dos cuidados dos familiares, praticamente, em tempo integral, daí ser de extrema importância que o enfermeiro faça visitas periódicas e oriente o cuidador sobre a maneira correta de tratar esse paciente”, ressalta a aluna Valdirene Texeira.

CUIDADOS
Ocorrência de alterações vasculares, respiratórias, urinárias, intestinais, complicações como úlceras por pressão e infecções urinárias ou pulmonares, são problemas enfrentados pelo paciente tetraplégico ou paraplégico. A pesquisa das alunas constatou que as residências dessas pessoas, especialmente das mais carentes, não estão preparadas para receber esses pacientes, que contam com cuidadores sem conhecimentos sobre os fatores que geram o surgimento de infecções ou como prevenir sua transmissão.

Essa informação raramente é repassada aos familiares no momento da saída do paciente do hospital. Além disso, eles também desconhecem que ao sair do hospital o paciente pode solicitar o atendimento em domicílio.

A desinformação foi um dos problemas enfrentados pela Dona Militana. “Não recebi orientação, apenas me falaram para fazer mudança de posição dele na cama com frequência. Mas quando tive que retornar pela primeira vez com ele para o hospital, por que ele tinha desenvolvido uma ferida, o médico nem me olhava, e ainda dizia que era coisa do meu filho e que ele não tinha nada”, conta a idosa.

Orientação aos parentes é fundamental
A cama para um paciente com lesão medular tem que ser firme, com um colchão de espuma de borracha colocada sobre estrado de madeira, sempre com lençóis limpos e secos. Na prevenção deferidas, o cuidado com a troca de roupas do corpo e da cama é importante, precisando ser feita sempre que estiverem sujas ou molhadas. A mudança de posição do paciente deve ser feita a cada duas horas, com proteção especial para os tornozelos, quadris e bacia – travesseiros de espuma de borracha: ela preserva os pumões.

Banhos frequentes são essenciais para evitar o aparecimento de úlceras.

Os cuidados também têm que ser redobrados na hora da alimentação: dietas ricas em proteínas (carnes, frangos, peixes, leite e seus derivados), vitaminas e sais minerais são fundamentais.

O paciente deve ingerir dois litros de líquidos por dia. Isso auxilia a prevenção das úlceras e a formação de cálculos renais.

Os profissionais de saúde, por sua vez, devem orientar o cuidador domiciliar. “É preciso fazer perguntas para verificar se o cuidador entendeu. Após essa análise, o enfermeiro vai ter certeza se o cuidador compreendeu a informação que lhe foi repassada ou não”, diz Tayla.

Hoje a enfermagem já conta com serviço de home care em Belém, mas esse é um serviço particular, feito por profissionais especializados nessa área. Quem não tem condições de pagar por esse serviço pode procurar um posto de saúde. “O cuidador do paciente pode dar entrada no PSF (Programa de Saúde da Família) do seu bairro, fazendo o cadastro na unidade de saúde com o sumário da alta do hospital, para que ele possa receber a visita da equipe”.

Fonte: http://diariodopara.diarioonline.com.br/

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Vera Garcia

Paulista, pedagoga e blogueira. Amputada do membro superior direito devido a um acidente na infância.

3 thoughts on “Paraplégicos exigem cuidados em casa

  • LUCI ROMERO

    Boa tarde,
    Meu sobrinho sofreu acidente de moto e ontem fez a cirurgia e o medico disse que ele vai ficara paraplegico,

    Tem como ele voltar a andar e quais os principais cuidados a serem tomados…tem que usar fraldas não sei por onde começar será que podem me ajudar.

    Resposta
  • Juliano

    uma pessoa paraplegica precisa de remedios para sobreviver? se sim quais? e em quais situações?

    Resposta
  • Lizete Roque de Lima Faria

    Como escolher roupas para um tetraplégico, para alguém com demência e para quem sofreu fraturas graves.Deficiência físicos ou intelectuais.Pesquisa pois sou cuidadora.Obrigao.

    Resposta

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