Não desista!

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Quando sofri um acidente aos onze anos de idade, minhas primeiras indagações após sair do hospital no qual fiquei internada durante quase três meses foram: Como enfrentarei as pessoas? Como lavarei louça? Como tomarei um ônibus? De que forma poderei desenvolver minhas atividades diárias com um braço só? Foram inúmeras indagações, que naquele momento achava que ficariam sem respostas. Minha mãe respondia a todas essas perguntas dizendo que eu encontraria um jeito para resolver essas situações. Essa afirmação me animava e eu acabava encontrando uma saída, um jeitinho para que eu pudesse me virar sozinha. Minha mãe sempre foi uma mulher forte e corajosa, me apoiou e me apoia muito.

Uma vez, um dos meus médicos disse que eu arrumaria mil e uma técnicas para poder me virar sozinha. Ele tinha razão, pois criei várias técnicas para determinadas dificuldades. Acredito que toda pessoa com deficiência quando se sente desafiada, sente mais vontade de conquistar seus objetivos. Digo isso, pois conheço várias histórias de superação de pessoas que atingiram seus objetivos, alcançaram suas metas e realizaram seus sonhos. Elas não desistiram!

Toda vez que me sinto desafiada, sinto uma força tão grande que faz com que eu supere todos os obstáculos. Fico focada naquele objetivo e enquanto não consigo alcançá-lo, não desisto. Coisas simples como abrir uma lata é uma tarefa um pouco mais difícil para mim, já para uma pessoa sem deficiência é algo absolutamente normal. Lembro-me que ao sair do hospital e quando retornei a escola, uma professora de Educação Artística pediu para que todos usassem a régua e fizessem um quadrado. Meus colegas tranquilamente pegaram a régua e começaram a desenhar. Mas eu fiquei pensando: “E agora, como vou desenhar um quadrado com a régua usando um braço só? O que fazer?” Porém meu subconsciente dizia “Sim, você consegue! Isso é um desafio!” Impressionante, mas a resposta chegou imediatamente. Com a palma da mão segurava a régua e simultaneamente traçava as retas até formar o quadrado. Minha professora ficou impressionada com o que viu e pediu para que eu fizesse novamente. Por fim, precisei mostrar várias vezes para a minha professora, para os meus colegas e para outras professoras. Não estava me importando com o número de vezes que apresentaria o que havia aprendido, o que importava é que estava feliz, me sentia vitoriosa e jamais permitiria que aquele quadrado ou qualquer outra coisa me derrotasse.

Desde então, toda vez que precisava fazer algo que usasse os dois braços pensava como poderia resolver aquilo com um braço só. As pessoas sem deficiência, normalmente, me ofereciam ajuda, mas eu sabia que determinado tipo de tarefa poderia fazer sozinha e realmente fazia. Para que as pessoas sem deficiência não ficassem numa situação desagradável, eu dizia que quando eu estivesse sozinha teria que me virar de qualquer jeito. É claro que eu tenho algumas limitações e preciso de ajuda, mas quem não as tem?

Tem uma frase de Charles de Gaulle, da qual eu gosto muito, que diz: “O voo até a lua não é tão longe. As distâncias maiores que devemos percorrer estão dentro de nós mesmos.”

A nossa mente pode ser o nosso pior inimigo, quando criamos obstáculos para os nossos sonhos e planos. Não deixe que pensamentos negativos e sentimentos de autopiedade o derrote. Acredite na sua capacidade, no seu potencial e habilidade. Acredite em você!

Vera Garcia

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