“Ele vai ser meu companheirinho para a vida toda”, afirma Helô Pinheiro sobre filho com problemas motores

24 de março de 201322 de setembro de 2021 Vera Garcia

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Helô Pinheiro, 76 anos, enfrentou falência do marido e segue cuidando do filho caçula, que tem problemas motores: ‘Busco força em Deus’.

Em 2012 a antológica canção “Garota de Ipanema”, de Tom Jobim e Vinícius de Moraes, comemorou 50 anos. A música foi composta em 1962 e a inspiração foi uma jovem, na época com 17 anos, que encantava os compositores com seu “doce balanço” pelas ruas de Ipanema, na Zona Sul do Rio.

A musa da canção, Helô Pinheiro, é mãe de quatro filhos – dentre eles a modelo Ticiane Pinheiro – e avó de três meninas. Desde que o ano do cinquentenário da canção se iniciou, ela não para de dar entrevistas sobre a música. “Hoje me considero muito mais musa do que garota”, diz ela.

Mas a vida de Helô não foi apenas de glamour, beleza, sol e mar. Casada com o empresário Fernando Pinheiro, ela enfrentou a falência do marido e precisou sustentar sozinha a família. Depois de vencer a falta de dinheiro, Helô abandonou uma talvez promissora carreira de atriz para cuidar do filho caçula, Fernando Pinheiro Júnior. Aos três meses de vida o menino sofreu uma bronquiolite (infecção nos brônquios) e teve uma falta de oxigenação no cérebro, exigindo cuidados especiais até hoje.

Mas nada foi capaz de abalar sua força e disposição. Além de apresentar dois programas na televisão – “De cara para a maturidade”, na Band, e “ Bem simples”, com a filha Ticiane Pinheiro na Fox Internacional – ela ainda tem duas grifes. A “Amarras” e uma loja de biquíni em Ipanema que leva o nome da canção que a eternizou. Sem deixar a peteca cair, é na fé que ela se sustenta: “Busco força em Deus e procuro rezar muito”.

“Garota de Ipanema”

“Foi um marco na minha vida. Um tempo muito importante. Eu era jovem e não senti o cair da ficha. A música foi importante não só para o Brasil, mas também para o exterior, pois achavam que no Brasil só tinha índios, futebol e mais nada.”

Garotas de Ipanema do passado

“Eram mais descontraídas e não cultuavam o corpo como hoje. Elas buscavam na ginástica apenas uma maneira saudável de ser e não para ficarem esculturais. Cultuávamos o corpo sem saber. Eu jogava frescobol e vôlei.”

Vinícius de Moraes

“Comíamos bolinho de bacalhau no ‘Antiquarius” (restaurante no Leblon), mas nunca curti a noite como ele. Vinícius chegava para mim e falava: ‘estou bonito de macacão? É a única roupa que deixa o meu saco em liberdade’.”

Beleza

“Faço aerojazz duas vezes por semana e pilates uma vez. Como de tudo e não faço dieta. Não subo na balança há tempos. Sei pelas minhas roupas quando estou acima do peso, aí, diminuo a comida. No rosto uso botox e faço tratamento com ácido retinoico na pele para tirar manchas e aplico cremes com vitamina C.”

Velhice

“O passar dos anos é difícil. Ainda mais que sempre tive um holofote em cima de mim, todos copiavam o que eu fazia. Gostaria de congelar o tempo com a cabeça que tenho hoje. Às vezes é triste, mas como sou pé no chão, busco força em Deus. Rezo muito e leio livros de reflexão.”

Filhas

“Digo para as meninas que a coisa mais importante é querer bem ao próximo e ter uma atitude educada com o subalterno. Isso é uma forma de beleza. A pessoa se torna bela com a atitude, não só com o creme do rosto.”

Falência

“Meu marido era um homem riquíssimo. Quando nos casamos, ela morava numa casa de três andares, com vários empregados e motorista. Me apaixonei por ele. Depois de 60 anos, a empresa de seu pai, de ferro e aço, com seis fábricas espalhadas pelo país, pediu falência e durante anos fui arrimo de família. Nunca deixei faltar comida para as minhas filhas. Conseguimos nos reerguer com muito trabalho.”

Filho caçula

“A parte do meu filho foi a mais complicada. Ele sofreu uma bronquiolite (infecção nos brônquios) e teve uma falta de oxigenação no cérebro. Infelizmente ele não teve como se recuperar. É consciente, mas não lê, não escreve, tem dificuldade na fala e usa um óculos de oito graus. Com muito esforço o coloquei no tênis, no futebol, e pago muitas terapias para ele. Quando entra um dinheirinho extra, eu agradeço. Ele vai ser meu companheirinho para a vida toda.”

Fonte: http://ego.globo.com/