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Atriz Bel Kutner: o pai tem a doença de Parkinson e seu filho nasceu com uma síndrome rara

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Acompanhe abaixo a entrevista que a Revista Quem fez com a atriz Bel Kutner.

Bel Kutner: “Sou protagonista da minha vida!”

A atriz teria motivos fortes para ser uma pessoa pra baixo. Ela Perdeu a mãe quando jovem, o pai sofre de Parkinson e seu único filho nasceu com uma síndrome rara. Porém, o alto-astral dela contagia. “Tento agir como se eu fosse a pessoa mais bem-sucedida e incrível do universo”, afirma

O fotógrafo pede para Bel Kutner prender o cabelo com as mãos. “Querido, tenho orelhão. Uma vez, um fotógrafo quis ser legal e retocou tanto no Photoshop que virei a mulher sem orelhas”, diz ela, dona de um discurso sempre entremeado por pitadas de ironia sobre si mesma. “Quando o problema é nosso, ele acaba sendo engraçado”, diz a atriz, ao explicar como consegue escolher o lado luminoso das situações, mesmo depois de ter passado por vários momentos difíceis, como a morte da mãe, a atriz Dina Sfat, em 1989, com câncer de mama. Ou a descoberta, em 1995, de que o pai, o ator Paulo José, estava com mal de Parkinson. E que Davi, seu único filho, do casamento com o músico Fábio Mondego, de quem se separou em 2008, depois de oito anos, nasceu com esclerose tuberosa, síndrome rara que causa tumores benignos. Bel estreou em novelas, na TV Globo, em 1991, em Vamp. De lá para cá, esteve em Anjo Mau (1997), Começar de Novo (2004) e A Favorita (2008), dentre outras.

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No papo com QUEM, entre goles de um drinque à base de espumante e licor de tangerina num bar da Zona Sul do Rio, Bel deu uma amostra de como encara a vida: com coragem e bom humor, mesmo ao abordar temas espinhosos.

QUEM: Como escolheu a carreira artística?

Bel Kutner: Eu queria ser engenheira eletrônica, veterinária, agrônoma, queria várias coisas ao mesmo tempo e não me imaginava atriz. Até que, com 13 anos, comecei a fazer curso de teatro e amei. Eu e minhas irmãs (a atriz Ana e a diretora Clara) crescemos em coxias de teatro, gravações de TV, sets de cinema. Houve crises com o lance da comparação (com os pais), mas sempre conversamos que cada um tinha de fazer sua história.

QUEM: Depois de mais de 18 anos de TV Globo, sente falta de interpretar uma protagonista?

BK: O importante é que o personagem tenha pano para manga. Isso vai além da questão de protagonista e coadjuvante. As novelas hoje são gravadas em cima do laço, para ter a resposta do público. Vejo uma galera ali que não tem vida. Nunca fui muito ambiciosa, nem no bom nem no mau sentido.

QUEM: Como enfrentou a morte de sua mãe, quando você tinha apenas 18 anos?

BK: Fui elaborando aos poucos. Só há duas opções: ou seguir em frente ou se matar. Já tive momentos de ter fé, de conversar, de até brigar com Deus. Hoje em dia, não dou nem mais nome a essa força. Tive uma mãe maravilhosa que me criou durante 18 anos e não há um dia que as pessoas não falem nela. Introjetei muito dela. Tem coisas que imagino que ela diria.

QUEM: Que coisas são essas?

BK: Não apontar defeito nos outros, não fazer fofoca, não olhar para o rabo dos outros. Ela tocou a real muito cedo sobre como existe miséria e sofrimento. Não podia deixar comida no prato porque “morreria uma criança na China” – era um pouco radical. Tenho muito do meu pai também, que tem Parkinson e vai para Paulínia (interior de São Paulo) filmar de nariz de palhaço, feliz da vida. Adora ir a uma marcenaria fabricar luminárias com broca e furadeira (imita ruído de furadeira). Cadê papai? Sumiu, celular não atende. Lá está ele serrando, cortando. Ele tem uma oficina dentro de casa.

QUEM: Você faz análise?

BK: Desde os 7 anos, porque minha mãe fazia – eram os anos 70. Todas as irmãs fizeram. Está dando defeito? Bota na análise (risos). Ela (a mãe) descobriu a análise já adulta e resolvia tudo lá. Eu me dei alta, troquei de analista, fiz bioenergética por anos e agora faço com a analista Dora Servieri. Tive sorte de encontrar pessoas com real interesse pelo ser humano e levei isso para a doutora Virgínia (sua personagem em Escrito nas Estrelas).

QUEM: Como a análise a ajudou a superar seus traumas?

BK: Nunca fui procurar terapia para superar um trauma. Em geral, são questões absolutamente existenciais. Vou à análise resolver coisas que não estou suportando em mim. A vida é muito boa (risos).

QUEM: Quando sentiu que o casamento com Fábio Mondego tinha acabado?

Com o filho e Fabio Mondego, seu ex-marido
Com o filho e Fabio Mondego, seu ex-marido

BK: Por dois anos nos seguramos na cumplicidade de duas pessoas que têm um filho. A identificação ficou lá atrás. Mudei muito com a maternidade e ele também, cada um para um lado. Fui eu quem saiu. Com filho, cachorro, gatos, numa boa. Mesmo já estando decididamente separados, moramos juntos até minha mudança.

QUEM: Você está namorando o empresário Pedro Delamare. Como se conheceram?

BK: Na casa da (atriz) Maria Clara Mattos, que faz a novela comigo. Eu tinha me separado do Fábio havia quatro dias. Ficamos amigos e começamos a namorar seis meses depois. Tenho uma sorte danada (sorri e bate na mesa três vezes). E você ainda acha que vou ficar deprimida porque não sou protagonista? Sou protagonista da minha vida!

QUEM: Você se sente pronta para embarcar em outro casamento?

BK: Estamos vivendo o melhor dos casamentos, cada um em sua casa. Emendei dois casamentos. Fiquei cinco anos com o (ator) Nicolas Trevijano e, depois, oito com o Fábio. Acho esquisito, com 40 anos na fuça, apresentá-lo como namorado. Se bem que marido também é esquisito. Ao falar companheiro me sinto com uma boina vermelha (risos). Meu homem?

QUEM: Esse tipo de casamento é resultado de um trauma?

BK: Não é trauma, é malandragem. Não desgastar com rotina, com meu mau humor matinal, que ele nem sabe que existe. Não vou deixá-lo ler esta entrevista. Vou mostrar a foto rapidinho e tapar as letrinhas (risos).

QUEM: Se você tivesse sido mais “malandra” no passado será que seu casamento teria acabado?

BK: Não trabalho com “talvez” e “se”. Tento agir como se eu fosse a pessoa mais bem-sucedida e incrível do universo. Se eu estivesse de bom humor hoje, o que eu faria? Abriria a janela e diria “bom dia, sol”. Então, abro a janela e digo “bom dia, sol”. E penso “tenho que malhar, senão a celulite vai me pegar!”. A dependência emocional a carboidrato, por exemplo – que é meu ponto fraco – é um condicionamento. É ótimo pensar “não vou comer pão só hoje”.

QUEM: “Não serei infeliz só hoje”?

BK: Não. É “vou ficar fofa só hoje”. Você quebra uma unha e vai chorar? Desabando casa, morrendo gente, vai ficar choramingando? Quarenta anos voaram. Quero viver 120. Tenho que aproveitar os outros dois terços da minha vida. A gente chora e ri ao mesmo tempo. É um humor judaico, junto com o humor hispânico do meu pai. Quando o problema é nosso, ele acaba sendo engraçado. Mas tem hora que choro.

QUEM: Quando você desmonta?

BK: Quando estou muito cansada. Maldormida, viro uma dama das camélias.

QUEM: Como você reage quando alguém olha para seu filho com pena?

BK: Tem criança que acha estranho, porque ele tem 4 anos, é imenso e fala poucas palavras. Podem olhar. Como ele não percebe e está feliz da vida, tudo bem. As pessoas olham, apontam, riem. Ele tem uma mancha vermelha na bochecha e quando perguntam: “Ralou?” eu falo que sim. Ele se comunica superbem. Não fala: “Por favor, quero ir ao toalete”. Mas diz: “Titi”. Sabe fazer xixi sozinho. É um atraso causado pela síndrome, mas ele vai aprendendo. Não é como uma pessoa que enxergava e ficou cega. Ele não existe sem a síndrome. Agora só toma remédio de manhã e à noite. Misturo com docinho e pronto.

QUEM: Sua mãe posou nua aos 44 anos. Posaria também?

BK: Não, não sou de fazer caras. Vou fazer como? Varrendo a casa? E quem vai querer me ver pelada? Só meu namorado está bom.

Veja:

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Vera Garcia

Paulista, pedagoga e blogueira. Amputada do membro superior direito devido a um acidente na infância.

4 thoughts on “Atriz Bel Kutner: o pai tem a doença de Parkinson e seu filho nasceu com uma síndrome rara

  • Mariára Siqueira

    Achei o blog incrível! Pocuro sempre saber de experiência de pessoas que possuem alguma deficiência, seja ela qual for. Não possuo nenhuma deficiência, mas busco entender e interagir com esse assunto e com essas pessoas.
    Admiro muito a força das pessoas que possuem algum tipo de deficiência e levam a vida da melhor forma possível.
    Sucesso, Vera!

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  • Marcia

    Cara admiro muito essa atriz não só como profissional mas tbm como ser humano. Trabalhei no condomínio onde ele mora e posso dizer é de uma simplicidade fala com todos igualmente e muito educada .

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  • Rose

    Adooooro, Bel Kutner! Muito boa entrevista! Uma atriz maravilhosa e excelente pessoa!

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