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A esperança da célula-tronco que fez ex-policial paraplégico voltar a andar chega a mais brasileiros

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Maurício Ribeiro

Estudo pioneiro que fez ex-policial paraplégico voltar a andar será repetido em oito centros no País, levando a promessa de recuperação a dezenas de outros pacientes

“Não desistam! Caí de uma laje há nove anos e fui obrigado a aceitar que nunca mais voltaria a andar. Mas não me descuidei e continuei com a fisioterapia. Hoje, vejo que todo aquele esforço valeu a pena. Minha vida mudou radicalmente outra vez, embora a luta continue. Vou começar aula de Pilates e tentar ganhar massa muscular para recuperar o equilíbrio. Também quero servir de exemplo a outras
pessoas. Por favor, não desistam!” Maurício Ribeiro, 47 anos, ex-policial que voltou a andar após ser submetido à terapia com células-tronco.

Uma notícia impressionante surpreendeu o Brasil em 2011: o ex-policial baiano Maurício Ribeiro, 47 anos, paraplégico há nove, recuperou parte dos movimentos das pernas e voltou a andar com a ajuda de aparelhos. A façanha foi resultado de uma experiência liderada por pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), na Bahia, e tornou-se uma das primeiras a demonstrar resultados efetivos de terapias à base de células-tronco para tratar lesões na medula espinhal.

Em 2012, a esperança é de que outros pacientes obtenham o mesmo sucesso de Maurício. O estudo terapêutico será levado a outros oito centros do País , financiados pelo Ministério da Saúde e BNDES. Ao todo, estima-se que 200 brasileiros farão parte da pesquisa. Além do existente na Bahia, serão quatro laboratórios em São Paulo (um no interior) e outros em Curitiba, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul. O custo por paciente, que será pago pelo governo, será de aproximadamente R$ 20 mil.

Pesquisa com células tronco pode devolver movimentos a paraplégicos

Embora os cientistas tentem frear o otimismo promovido pe­la recuperação de Maurício – os pesquisadores receberam de­zenas de pedidos de outros pacientes para serem submetidos à terapia –, os resultados apontam que o tratamento com células-tronco já é uma realidade no Brasil. Na própria Fiocruz de Salvador, os pesquisadores também tiveram sucesso com a aplicação dessas estruturas para a regeneração do fígado em casos de cirrose hepática. Outro trabalho, na Universidade Federal do Rio de Janeiro, apresentou progressos animadores no tratamento de paralisias decorrentes de acidente vascular cerebral. No experimento do qual fez parte o ex-policial, todos os pacientes apresentaram uma melhora sensível na qualidade de vida após o implante de células-tronco, embora o único a ter dado alguns passos tenha sido Maurício. “Mas a maioria conseguiu sentir as pernas, alguns ficaram de pé e outros começaram a controlar as funções da bexiga e do esfíncter”, diz Ricardo Ribeiro dos Santos, coordenador do projeto.

Os participantes do estudo são pacientes que perderam a conexão entre o cérebro e os membros inferiores após grave lesão na medula espinhal. “Não é possível verificar, mas acreditamos que conseguimos recuperar parte dessa conexão”, diz Milena Botelho, uma das pesquisadoras do projeto da Fiocruz. Além da paralisia, a lesão provoca diminuição da força, perda da sensibilidade e do controle sobre o intestino e a bexiga. O implante de célula-tronco pode ser realizado seis meses após o início da paraplegia, quando o quadro do paciente já se encontra estável.

No procedimento, células-tronco mesenquimais (já adultas) são retiradas da medula óssea presente no osso do quadril, cultivadas durante 30 dias e aplicadas no paciente diretamente no local da lesão medular por meio de um procedimento cirúrgico. “Acredita-se que essas células se integram às da lesão, sendo capazes de regenerá-las”, disse à ISTOÉ a pesquisadora Aileen Anderson, da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos. Em 2005, ela conseguiu o mesmo feito da pesquisa brasileira, mas em ratos.

Apesar de os cientistas acreditarem que parte da lesão deixou de existir, a recuperação desses pacientes não é homogênea. “Cada um responde de uma maneira. Uma célula é diferente da outra. Algumas envelhecem mais rápido”, explica Santos. O trabalho, realmente, é intenso. Junto com pesquisadores, outros profissionais participam do projeto. Fisioterapeutas, neurocirurgiões, hematologistas, especialistas em dor, cardiologistas, infectologistas, educadores físicos e nutricionistas se revezam para acompanhar a evolução dos participantes.

A fisioterapia é a mais trabalhosa, já que a paralisia provoca atrofiamento dos músculos. Por isso, são necessárias duas sessões de exercícios por dia para fazer com que os músculos sustentem o corpo novamente. “Elaboramos um programa especial para essa recuperação”, explica a fisioterapeuta Cláudia Bahia, da Clínica de Atenção à Saúde, responsável pelo acompanhamento de Maurício. “Ele ajuda o paciente a ultrapassar os limites antes impostos pela paralisia.”

Células-tronco

Fonte: Revista Isto É

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Vera Garcia

Paulista, pedagoga e blogueira. Amputada do membro superior direito devido a um acidente na infância.

21 thoughts on “A esperança da célula-tronco que fez ex-policial paraplégico voltar a andar chega a mais brasileiros

  • joaquim

    Como faço para receber celulas-tronco como se cadrasta para para ser cobaia sou deficiente ainda ando com muita dificudade tenho uma doença chamada de distrofia muscular progressiva vc já viu falar se eu tivesse esse tratamento com celulas tronco eu recuperava meus musculos que tão ficando finos braços e pernas?

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  • veronica xavier

    Gostaria muito de informações aki no Rio de janeiro.tenho 47 anos e estou a 3 anos na cadeira de rodas, não tenho condições financeiras de bancar tratamentos, má formaçao vascular de cone medular.obg.

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  • Roberto g. pereira

    Quais hospitais de são paulo vão aderir ao projeto e como faço para me cadastrar pois sou cadeirante a 8 meses devido a um acidente de moto, gostaria muito de ser voluntário.

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    • Vera Garcia

      Essa experiência está acontecendo no hospital São Rafael, na Bahia.

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      • LUCIANO MARCONDES

        Sou paraplégico fraturei minha coluna em um acidente automobilistico gostaria de saber como eu faço para ser voluntário.

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  • Meu filho tem distrofia muscular de duchenne e tem 11 anos, gostaria de saber se podem ajudá-lo de alguma forma, ele é alegre e faz planos de quando crescer, por favor, já até o levei pra china fazer um tratamento semelhante, ajudem-nos por favor, aguardo resposta.

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    • Vera Garcia

      Bom dia, Silvana!
      Imagino sua preocupação enquanto mãe. Entretanto e infelizmente não temos contato com a equipe do cientista Miguel Nicolelis.
      A roupa robótica ainda está em fase de experiência.

      Abraço.

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  • Laiane

    Olá, tenho um bebê de 1 ano e 5 meses que sofre de paralisia cerebral. Esses estudos com celulas tronco servem tbm para “PARALISIA CEREBRAL”??
    Por favor me responda se servir quero saber como faço para meu filho ser cobaia…
    Grata..

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    • Vera Garcia

      Boa Tarde, Laiane!
      Ainda não tive conhecimento sobre esse estudo em PC.

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  • GERMANO DE VALÉRIO

    OLÁ AMIGOS , TENHO 44 ANOS E SOU PORTADOR DE DEFICIÊNCIA FISICA CAUSADA POR DISTROFÍA MUSCULAR PROGRESSÍVA DO TIPO CINTURAS E MEMBROS , NÃO ANDO MAIS DESDE 2003, A QUASE 9 ANOS , DEVÍDO A UMA FRATURA NA PERNA DIREITA EU NÃO CONSEGUÍ MAIS RECUPERAR O EQUILÍBRIO PRA VOLTAR A ANDAR . GOSTARÍA Q VCS ME AJUDASSEM A DESCOBRIR COMO FAÇO A MINHA INSCRIÇÃO PRA SER VOLUNTÁRIO COBAIA NAS PESQUISAS COM CÉLULAS TRONCO E TBM NA ROBÓTICA PARA FAZER DEFICIÊNTES FÍSICOS VOLTAREM A ANDAR . POR FAVOR ME AJUDEM , PRECISO VOLTAR A TER MINHA VIDA SOCIAL NOVAMENTE DA QUAL ME ISOLEI COMPLETAMENTE . OBRIGADO!!!

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  • Há varios anos tive uma doença (meningite) que deixou sequelas,atrofia parcial nos braços,perna direita ,ombros e peito. Gostaria de saber se existe algum meio, via celulas tronco para uma recuperação total ou parcial dessa musculatura e se é possivel um tratamento sendo voluntario?

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  • alfredo de souza costa junior

    sofri um acidente de moto que me deixo na cadeira de rodas a dois anos quando de fato vaiser liberado vai demorar

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  • Maria Teresa

    Boa tarde!

    Tenho três sobrinhas, ou melhor tenho duas sobrinhas portadoras de distrofia muscular de duchenne. As meninas têm 24 e 23 anos, infelizmente a menina de 25 anos nos deixou em abril deste ano 2015, vítima de consequências dessa doença terrível (distrofia muscular de duchenne) é muito difícil ver que a cada dia os movimentos das meninas vão ficando cada vez mais difíceis e não podemos fazer absolutamente nada. Estamos vendo as nossas meninas morrerem um pouco a cada dia, exatamente como aconteceu com a irmã delas que nos deixou.
    Se alguém tiver conhecimento de pesquisas e testes (cobaia), por favor envie emails .

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  • Me comuniquei com Ticiana
    Fiquei triste pois eu não se encaixo no criterio de lesão. Se alguem souber de outro tratamento eu gostariade saber

    Mauricio Lima

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  • Vilma Alves Feitosa

    Olá; gostaria de me informar a respeito de um tratamento com células tronco para uma criança que estar com sequelas decorrente de uma meningite pneumococo, a criança não anda, não fala e se alimenta através de sonda. Seria possível um tratamento para ela voltar a ter uma vida normal? Você conhece algum hospital ou médico que possa indicar? O tratamento falado na internet feito na Tailândia é seguro?

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  • Tenho lesão parcial na c6 e c7 meu caso é tetraparesia . eu gostaria de uma chance de um tratamento desse tipo . já tenho 3 anos e meio que sofri um acidente de trabalho . mas só se for pelo SUS . ou outro programa que não cobra o tratamento pois não posso pagar . pois tenho 2 filhos moro de aluguel e minha renda é pequena pois nem aposentei ainda mas gostaria de ter uma oportunidade

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  • DENISE

    Boa tarde sofri um acidente de carro há cinco meses e fiquei tetraplégica ,moro no RJ e quero se voluntaria desse tipo de tratamento ou ate mesmo saber o valor em caso de pg gostaria de receber contatos de vcs obrigado!

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  • cristina andrade

    boa noite,
    gostaria de saber aonde tem esse tratamento no rio de janeiro.
    meu pai tem 80,esta com estenose medular lombar.
    e os medicos não querem fazer a cirurgia convencional, e particular não temos condições. gostaria de tentar esse tratamento,
    fico no aguardo.
    cristina

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